Olhar e enxergar: como construir uma autoestima justa
Tenho a sensação de que, quando reclamamos de nossa autoestima, no fundo, estamos com a esperança de que alguém vá contra–argumentar. Não dirão que somos feios, chatos ou burros, como dizemos. Ao contrário, vão nos mostrar que, na verdade, somos os seres mais interessantes, lindos e inteligentes do pedaço. O outro lado da moeda da baixa autoestima é uma autoestima alta demais.
Manuais de autoajuda baratos afirmam que deveríamos nos olhar no espelho e repetir todo dia: "você é lindo, você é inteligente, você é demais!". E, nessa luta por melhorar nossa autoestima, acabamos presos em uma gangorra infinita: ora somos perfeitos, ora somos repulsivos. Sendo impossível se sustentar em qualquer um desses lados, oscilamos angustiados de um polo para o outro. A cada vez que nos forçamos a dizer "lindo" para o espelho, uma vozinha do fundo do crânio responde: "será mesmo?", em um ciclo sem fim.
Talvez o problema não esteja na doença que seria a autoestima baixa, mas no remédio que a nossa cultura prescreve: uma autoestima alta demais. Voltar à origem da expressão pode nos dar uma terceira via a seguir. Autoestima, afinal de contas, deveria ser a capacidade de estimar com precisão quem somos.
E julgamentos, sejam eles positivos ou negativos, são grandes obstáculos para essa observação mais precisa. Talvez a receita mágica seja se olhar no espelho e refletir sobre o que, com certeza, está do outro lado.
Porque do outro lado do espelho não há uma barriga feia nem uma cara nojenta. Não há burrice nem genialidade. Do outro lado do espelho —e apenas disso podemos ter segurança– se encontra uma pessoa que, como qualquer ser humano, é marcada por falhas e conquistas –e que, como qualquer ser humano, precisa e merece ser amada.
Reconhecer essa verdade singela é o começo da caminhada para uma autoestima justa.
Não posso ser lindo ou ser feio, posso ser apenas eu.
Chegar nesse lugar (e como esse espaço interno é difícil de se alcançar!) é chegar na paz da melhor autoestima possível: a aceitação de quem se é. Sem defeitos e sem qualidades. Apenas os traços que delimitam o meu corpo, os gestos que demarcam o meu comportamento os pensamentos e sentimentos que me informam quem sou.
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