As lições de felicidade que um cachorro pode nos dar
Como qualquer pessoa, eu tenho meus momentos pra baixo. Há semanas em que sinto minha energia me abandonando e parece que tudo o que eu consigo fazer é me afundar no sofá para assistir uma série no Netflix sem qualquer atenção.
Ano passado, em um desses períodos, foi o meu cachorro quem me ensinou a empurrar as trevas para longe. Havia chegado de um dia cansativo de trabalho e me preparava para me entrincheirar entre almofadas. Foi quando comecei a ouvir o barulho do rabo dele batendo feliz contra o sofá.
Meu cachorro olhava para mim contorcendo o corpo e pedindo carinho. Tinha passado boa parte do dia sozinho, mas ao me ver não expressava ressentimento algum. Ao contrário, ele parecia me dizer: "não importa quão ruim foi um dia, se você se concentrar no momento presente, no instante em que encontra alguém que ama, é quase impossível evitar a felicidade".
Sem conseguir absorver completamente a lição, fiz um pouco de carinho nele (distraído) e segui à risca o meu roteiro (semi) depressivo. Liguei a TV e comecei a procurar um programa qualquer. Dez minutos depois, meu cachorro começou a chamar novamente a minha atenção. Ia até a porta com o corpo curvado na minha direção, avisando que precisava ir para a rua (seu banheiro, afinal).
No automático, desliguei contrariado a televisão, peguei a coleira e a bolinha, calcei o tênis e desci com ele. A segunda lição eu só comecei a entender enquanto caminhava: às vezes, a gente precisa sair do virtual e voltar para o mundo real. Há algo de mágico em andar pelas ruas e ser relembrado (por um cachorro investigando cheiros) que até mesmo uma cidade como São Paulo está repleta de árvores.
A terceira lição eu aprendi enquanto coletava as suas fezes com a mão envolta por um saco plástico. Por mais fedido que estivesse o cocô, eu me via energizado por estar ali, realizando aquela tarefa. Muitas vezes, o que precisamos para recuperar o fôlego não é ser ajudado, mas ganhar a oportunidade de cuidar de quem amamos.
Por fim, chegando na pracinha onde jogava a bolinha para ele, veio a quarta lição: é possível brincar. Ele corria de um lado para o outro — e eu percebi que a alegria do meu cachorro era contagiante.
Os convites insistentes dele para que eu focasse no agora surtiram efeito. O dia cansativo tinha ficado para trás. Sobrava apenas aquele momento simples, mas especial — eu e e aquele bichinho inocente que dedicava toda a sua atenção a mim e a bolinha. Naquele instante eu pude, finalmente, viver o momento presente.
Existe algumas controvérsias na literatura em relação aos animais de estimação de fato melhorarem depressão ou outros problemas de ordem mental. Como qualquer fenômeno humano, a questão é mais complexa do que pode parecer a princípio. De qualquer jeito, acredito que um cachorro pode ser importante nas pequenas lições que ele nos traz (se estivermos abertos ao aprendizado).
Em resumo, um cãozinho pode nos ensinar duas das coisas mais importantes para mudar uma semana triste. Primeiro: saia de casa e da sua cabeça e vá para o mundo. E, segundo, aproveite o momento presente, ele é o único que realmente existe.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.