Essa é a sua única vida, e isso abre um universo de possibilidades
Essa é a sua única vida.
Quando nos fixamos no passado, essa verdade autoevidente nos inunda de arrependimento.
Se eu soubesse que aquela era a minha única chance de ser jovem, eu teria feito as coisas de outra forma. Teria acreditado mais em mim e talvez ousado mais. Acima de tudo, teria saboreado cada momento com maior atenção. Meu primeiro beijo receberia uma dimensão mais mágica do que a da insegurança que me invadiu enquanto o vivia. A primeira decepção amorosa, mesmo no meio da dor, seria degustada com a curiosidade de quem sabe que isso um dia vai passar.
Nos damos conta que nossa vida é apenas essa e, quando olhamos para trás, pensamos o quanto poderíamos ter aproveitado cada segundo.
Essa é a sua única vida.
Quando nos fixamos no futuro, essa verdade autoevidente nos inunda de medo.
Eu, como todo mundo, vou morrer e meu corpo será comido por vermes. Perco o ar imaginando uma asfixia impossível quando meu corpo defunto for inundado por terra. Depois da minha morte deixarei algumas pessoas que se lembrarão de mim. Mas elas também vão embora e, com elas, a minha memória. Seguimos, todos os seres vivos, em marcha constante para a inexistência.
A princípio, tento recusar essa ideia, jogando-a para debaixo do tapete. Preocupo-me com cada decisão a ser tomada de forma a tentar garantir uma segurança onde, em última instância, sei que nunca pode haver.
Se encaro essa verdade de frente, posso apreciar o próximo aniversário da minha filha com a imensidão que ele guarda: eu terei a oportunidade de a ver completar 3 anos apenas uma vez.
Nos damos conta que nossa vida é apenas essa e, quando olhamos para frente, nos vemos divididos entre amargurar um destino mórbido ou desfrutar os próximos eventos.
Essa é a sua única vida.
Quando olhamos para o presente, essa verdade autoevidente nos inunda de possibilidades.
Aqui, neste exato segundo, não existe morte nem arrependimento. Existem infinitas novidades que deixamos de lado como se já soubéssemos o que cada instante carrega. "A vida não é mais do que uma pequena faísca entre duas escuridões infinitas" (Nabokov, 1951). E neste segundo há apenas luz.
Essa é a minha única vida e esse é o único tempo que existe. Então vamos sambar e sorrir e cantar (e trabalhar e o que for) como se isso fosse tudo o que há. Porque é.
[citação é a minha tradução de uma frase em: Nabokov, V. (2012). Speak, memory: An autobiography revisited. Penguin UK]
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